Última alteração: 15-07-2010
Resumo
Este artigo analisa o efeito da composição do conselho de administração sobre o valor das companhias utilizando uma variável não estudada previamente na literatura nacional: a proporção de conselheiros pertencentes à família controladora e com vínculos familiares entre si. A pesquisa é feita junto a 96 companhias que listaram suas ações na BM&FBOVESPA durante o período de 2004 a 2007. A principal hipótese testada é a de que o vínculo entre tais conselheiros familiares impactaria a qualidade de suas decisões, afetando o valor da firma. Como principal resultado, diferentes testes econométricos identificaram uma relação negativa entre a proporção de membros familiares nos conselhos e o valor das empresas. Especificamente, empresas cujos conselhos possuem maior número de familiares vinculados aos controladores apresentam menor múltiplo price-to-book value e menor retorno acionário um ano após o IPO. No segundo ano após o IPO, entretanto, este efeito se reduz e torna-se inconclusivo para algumas das variáveis empregadas. No geral, os resultados corroboram a hipótese de que de que companhias de controle familiar com grande proporção de parentes nos conselhos têm maior dificuldade em separar as questões relacionadas à gestão da empresa das questões familiares. O resultado reforça a idéia de que tais companhias devem promover a criação dos chamados Conselhos de Família, em adição ao conselho de administração, como forma a separar as questões familiares das questões relativas à condução dos negócios da companhia.