A reforma setorial do estado brasileiro na década de 1990: eficiência e privatização? Um estudo num hospital público universitário

Resumo

As organizações de saúde vêm experimentando pressões para aumentar a eficiência e a efetividade. As primeiras pressões por mudanças nos hospitais foram nos métodos de financiamento e remuneração das ações de saúde e na introdução de novos agentes de regulação. Por sua vez, acentua-se o processo de reforma setorial do Estado em meio a uma crise fiscal e a uma mudança de paradigma na nova ordem mundial. Este artigo discute como esse ambiente de reforma, com restrições orçamentárias e novas regras, induziu adaptações e mudanças institucionais do mix público-privado num hospital público universitário. O artigo apresenta um estudo de caso do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, analisando indicadores de produção entre 1996 e 2000 e a percepção dos trabalhadores e da gerência quanto à abertura do hospital para planos e seguros privados de saúde como alternativa de financiamento. Para análise da percepção utilizaram-se entrevistas semi-estruturadas com o corpo diretivo e grupos focais com os trabalhadores. Constataram-se a importância dos planos e seguros de saúde na economia do Hospital das Clínicas e a contradição e resistência no discurso de trabalhadores e da gerência sobre a busca de sobrevivência via financiamento privado.