Por Prof. Bianor S. Cavalcanti

Decidiu o Editor da Revista Eletrônica da EBAPE, Professor Marcelo Milano Falcão Vieira, batizá-la com o sugestivo título "Cadernos EBAPE.BR". O nome escolhido não poderia guardar maior expressão simbólica, pois os Cadernos cumpriram papel pioneiro na história do estudo da Administração no Brasil.

Fundada a Escola em 1952, já em abril de 1954 Benedicto Silva inaugurava a série CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, que se extendeu até 1971, quando foi publicada sua 82ª edição. Desta série de livros de textos, monografias e casos especialmente elaborados para o programa de pesquisas sobre Administração Pública brasileira, expressão de convênio entre a FGV e a Fundação Ford, dependeu em larga medida o ensino no campo disciplinar que, como tal, se instalava no país. O objetivo do programa foi o enriquecimento da bibliografia especializada, com trabalhos que espelhassem a experiência brasileira e contivessem os estudos da problemática administrativa da época, contribuindo para o desenvolvimento de uma doutrina e de uma literatura genuinamente brasileiras no campo da Administração. Ilustres praticantes e estudiosos contribuíram para a série original, como se pode ver a seguir.

Retomada em 1980 a publicação dos Cadernos, em nova série intitulada CADERNOS EBAP, obteve-se a produção de 127 edições, sendo a última em 2002. Visou esta série, mais modesta em seu projeto gráfico-editorial, estimular a circulação de idéias entre professores e alunos da Escola, bem como entre os membros da comunidade acadêmica na área de administração e divulgar, em caráter preliminar, mais restrito, trabalhos acadêmicos e resultantes de consultorias para órgãos públicos e empresas.

É relevante lembrar, ao se ter em conta o programa editorial da EBAPE, a complementaridade das séries CADERNOS, com a Revista de Administração Pública (RAP), editada desde 1967 e hoje consolidada nos meios acadêmico e profissional, bem como com a Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão (RPBG), editada em parceria com o INDEG/ISCTE de Lisboa desde 2002.

Novos tempos e novas tecnologias nos impõem o compromisso com a inovação no contexto da contemporaneidade, preparando a ponte infindável para o futuro. Cadernos EBAPE.BR certamente afetará noções de tempo e espaço, bem como linguagens aprendidas em nossa experiência editorial passada. Mas sempre é bom lembrar que o espírito dos Cadernos é o mesmo: compartilhar conhecimento e estar inserido em diálogo silencioso, mas profícuo, com o maior número possível de leitores dedicados à temática da Administração.

Por Prof. Marcelo Milano Falcão Vieira (Editor, 2003-2009)

Em 2003 recebi do então diretor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (Ebape/FGV), professor Bianor Scelza Cavalcanti, e da Chefe do Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa, professora Deborah Moraes Zouain, a missão de criar um nova revista. Não partiria do zero. A intenção era revitalizar os há muitos anos existentes Cadernos EBAPE, publicados na forma impressa e, embora de veiculação restrita, bastante úteis na divulgação da produção científica da Escola.

A tarefa solicitada não era fácil. A Ebape já publicava a Revista de Administração Pública (RAP) e, em parceria com o ISCTE, em Lisboa, a Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão (RPBG). Por um lado, a nova revista deveria ser um periódico científico com linha editorial própria e bem distinta das já existentes na Ebape e, por outro, proporcionar à comunidade acadêmica na área de Administração no Brasil algo inovador. Deste modo, decidimos por adotar uma linha que clara e explicitamente privilegiasse ensaios teóricos e pesquisas qualitativas, visto que à época nossa comunidade ainda estava sob forte influência positivista, quantitativa e, no que se refere especificamente aos Estudos Organizacionais, fundamentada na Teoria da Contingência Estrutural.

A iniciativa teve muito boa aceitação na comunidade acadêmica. O periódico começou com poucos números anuais (três), mas, desde o início com artigos instigantes, produzidos não apenas por professores brasileiros, mas também estrangeiros de renome, tanto do Norte quanto do Sul. O impacto e a aceitação da revista no meio acadêmico foram logo sentidos pela pequena equipe do Cadernos EBAPE, constituída apenas por mim, pela secretária executiva Vânia Mattos da Silva e pelo assistente editorial Leonardo Darbilly, além, evidentemente, do conselho editorial e de um corpo de avaliadores com quem sempre pude contar de forma constante. Nos momentos iniciais da revista, foram decisivos os apoios institucionais recebidos pela Ebape e, mais tarde, pelo CNPq. Esses apoios permitiram que o periódico avançasse e logo passasse a ter cinco números anuais.

Nos anos que se seguiram, com a crescente regulação e classificação dos periódicos brasileiros, fizemos esforços para inserir o Cadernos EBAPE em bases de indexação e classificação, como o Scielo. Em 2009, após seis anos como editor-chefe e já com a revista plenamente consolidada e reconhecida na comunidade acadêmica da área, passei a editoria à professora Ana Lúcia Guedes, que deu sequência ao trabalho desenvolvido anteriormente e atribuiu, como deve ser, sua marca como editora-chefe, ampliando o conselho editorial e o grupo de avaliadores, em uma transição tranquila e equilibrada.

É preciso deixar claro que a revista sempre se dedicou e continua a se dedicar à publicação de uma produção de conhecimento autônoma, com forte pertinência sociocultural e que, mais que uma revista da Ebape, é um periódico científico da comunidade acadêmica da área que se pauta pelo rigor e impessoalidade na avaliação e publicação dos textos que recebe.

Por Profa. Ana Lucia Guedes (2010-2012)

Em junho de 2009 fui consultada pelo editor-chefe do Cadernos EBAPE.BR, Marcelo Milano Falcão Vieira, quanto ao interesse e disponibilidade para assumir a editoria do periódico, com o propósito de dar continuidade ao trabalho desenvolvido por ele e sua competente equipe, então comandada por Vânia Mattos da Silva.

Acompanhei por um período de seis meses a alocação das pautas e elaborei em conjunto os editoriais, para garantir “uma transição tranquila e equilibrada”. Nosso compromisso foi manter inalterada a política editorial, o que entendo ter cumprido durante o mandato efetivamente exercido, entre janeiro de 2010 e dezembro de 2012. O periódico manteve seu escopo interdisciplinar e crítico, sendo adotada, apenas, uma ampliação temática das contribuições de caráter qualitativo, com a publicação de artigos e ensaios dessa natureza de outros âmbitos e/ou dimensões da Administração.

Ao longo desse mandato, no entanto, o Cadernos EBAPE.BR passou por profundas alterações em suas práticas editoriais, com o propósito de elevar a visibilidade e a reputação do periódico junto à comunidade acadêmica da Administração. Dentre os diversos momentos dramáticos, em face da transição para o sistema de submissão on-line do SciELO (Scientific Electronic Library Online) em 20 de maio de 2010, que visava a conferir transparência ao processo editorial, e do fato de a equipe editorial ser constituída por uma única bolsista, que atuava em meio período, destaco a adoção do controverso procedimento de rejeição editorial como primeira etapa após a submissão. Essa medida proporcionou, no entanto, a elevação da qualidade das cartas editoriais aos autores.

Em paralelo, foram intensificados os esforços de internacionalização do periódico, com a renovação do conselho editorial e o apelo à submissão de artigos em outros idiomas. A revisão das normas de submissão do periódico de acordo com as Boas Práticas da ANPAD resultou em inúmeras manifestações contrárias e favoráveis por parte de autores e membros do corpo editorial. Ao longo desse processo de transformações, a página que hospedava o Cadernos EBAPE.BR no Portal EBAPE/FGV foi revisada inúmeras vezes, foram adotadas regras para os revisores de idioma e formato e foi adotado um novo layout na fase de diagramação dos artigos, para aprimorar sua apresentação eletrônica e impressa. Outro desafio importante foi o projeto de digitalização, conversão e marcação de 25 fascículos retrospectivos do Cadernos EBAPE.BR, publicados entre 2003 e 2009, para veiculação na base de indexação do SciELO, com atribuição de DOI (Digital Object Identifier).

Ao final do mandato, executamos o projeto de inclusão do periódico em um novo host (na Biblioteca Digital do portal da FGV), visando à utilização de novas ferramentas no processo de submissão, avaliação e publicação dos artigos, ao fácil acesso e ao cadastramento de leitores e autores, bem como para atender às demandas específicas das futuras indexações. Esses compromissos foram cumpridos com apoio institucional recebido da Fundação Getulio Vargas e com as propostas de editoração financiadas pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). 

A parte prazerosa das atividades editoriais fica registrada nas mensagens de apoio dos autores, dos avaliadores e dos editores (associados e convidados), mas, também, na elaboração e publicação das chamadas de trabalhos para os números temáticos Echoes of LAEMOS (Latin American and European Meeting on Organization Studies) e Interfaces Público-Privado no Contexto Luso-Brasileiro,  em 2010; Gestão Social: Ensino, Pesquisa e Prática e a edição especial de Ensino e Pesquisa em Administração, em 2011. O número temático Rio+20, em 2012, e as chamadas dos números temáticos Development-Management/Development&Management, em 2013 e Management Industry, com publicação em março de 2014. Como parte dos esforços coletivos foram incentivadas contribuições para a Seção Opinião, para manter o privilegiado espaço de debate acerca de temas relevantes para a comunidade acadêmica da Administração.

É importante registrar a criação da posição de editor associado para as seguintes áreas: Alexandre Faria (Estudos Críticos); Alketa Peci (Estudos Organizacionais); Francisco Giovanni Vieira (Estudos em Marketing) e Janann Joslin Medeiros (Estudos em Estratégia). Agradeço muito a todos por terem compartilhado a responsabilidade editorial do Cadernos EBAPE.BR.

Por fim, registro o apoio, a colaboração e a paciência dos editores associados e convidados, dos avaliadores, dos revisores (Angela Cristina da Silva, Evandro Lisboa Freire, Leila Seabra, Newmar Pereira e Robert Stewart) e diagramadores (Patrícia Gonçalves e Maristela Carneiro de Souza), com destaque especial para Fabiana Braga Leal, enfim efetivada como assistente editorial, em abril de 2012.