O Estado que mata e comemora: estigma e violência como atuação política

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12660/rm.v11n17.2019.80310

Palavras-chave:

violência, estigma, política, “sequestro da ponte”, narrativas.

Resumo

O presente artigo analisou as narrativas da edição do jornal O Globo sobre a performance adotada pelo Estado no caso do, então intitulado “sequestro na ponte”, ocorrido no dia 20 de Agosto de 2019. Buscando elencar e destrinchar os discursos de uma violência legitimada por parte do governo Witzel desde o início do seu mandato, tecemos uma trajetória do discurso do medo e da violência contra determinados grupos sociais, que na elaboração das situações sociais são estigmatizados e, consequentemente, criminalizados desde o período pós-abolição até os dias atuais. Concluímos que o periódico carioca naturalizou as ações do atirador como necessárias para estabelecer a “ordem”.

Biografia do Autor

Milene Gomes Mostaro, FGV - CPDOC

Mestranda em História, Política e Bens Culturais pela Fundação Getúlio Vargas (2019). Especialista em Gestão, Economia e Turismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2015). Possui graduação em Turismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2012). Possui 11 anos de experiência da área de Turismo, com ênfase na área de vendas, agenciamento, treinamento de equipes e planejamento de sistemas. Desde de 2015 atua na área de mapeamento de processos e desenvolvimento estratégico dos sistemas internos da Agência Abreu. Atua principalmente nos seguintes temas: Agenciamento, Turismo, Memória, Samba, Feminismo e Política. (Texto informado pelo autor)


Filipe Fernandes Ribeiro Mostaro, UERJ

Pós-Doutorado em Comunicação em andamento. Doutor em Comunicação pelo PPGCOM - Uerj com bolsa CAPES. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UERJ (2014). Possui graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2006), especialização em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte pela FACHA-IGEC-RJ (2012). 

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Publicado

28.01.2020