O Estado que mata e comemora: estigma e violência como atuação política
DOI:
https://doi.org/10.12660/rm.v11n17.2019.80310Palavras-chave:
violência, estigma, política, “sequestro da ponte”, narrativas.Resumo
O presente artigo analisou as narrativas da edição do jornal O Globo sobre a performance adotada pelo Estado no caso do, então intitulado “sequestro na ponte”, ocorrido no dia 20 de Agosto de 2019. Buscando elencar e destrinchar os discursos de uma violência legitimada por parte do governo Witzel desde o início do seu mandato, tecemos uma trajetória do discurso do medo e da violência contra determinados grupos sociais, que na elaboração das situações sociais são estigmatizados e, consequentemente, criminalizados desde o período pós-abolição até os dias atuais. Concluímos que o periódico carioca naturalizou as ações do atirador como necessárias para estabelecer a “ordem”.Referências
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