Estigmas de gênero nos corpos do Hospital Juquery

Autores

  • Camilie Cada Cardoso Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.12660/rm.v11n17.2019.80287

Palavras-chave:

Gênero, Psiquiatria, Patologização, Estigma

Resumo

Se o Estado detém o monopólio da violência, seria apenas uma consequência se as autoridades médicas também exercessem essa influ sobre os internos de estabelecimentos psiquiátricos públicos. Inaugurado em São Paulo no ano de 1898, o Hospital Juquery se tornou um importante aparato de controle social, função exercida por meio da patologização da loucura e da imposição de padrões de normalidade. Nesse artigo, voltaremos o olhar para as construções de estigmas de gênero na instituição, reconhecendo o impacto da lógica normativista nas experiências vividas dos internos.

Biografia do Autor

Camilie Cada Cardoso, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - Universidade de São Paulo

Coordenadora do Centro de Documentação e Memória Suzano

Mestranda em História Social pela USP

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Publicado

28.01.2020