Estigmas de gênero nos corpos do Hospital Juquery
DOI:
https://doi.org/10.12660/rm.v11n17.2019.80287Palavras-chave:
Gênero, Psiquiatria, Patologização, EstigmaResumo
Se o Estado detém o monopólio da violência, seria apenas uma consequência se as autoridades médicas também exercessem essa influ sobre os internos de estabelecimentos psiquiátricos públicos. Inaugurado em São Paulo no ano de 1898, o Hospital Juquery se tornou um importante aparato de controle social, função exercida por meio da patologização da loucura e da imposição de padrões de normalidade. Nesse artigo, voltaremos o olhar para as construções de estigmas de gênero na instituição, reconhecendo o impacto da lógica normativista nas experiências vividas dos internos.
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