Incorporações com emissão de ações resgatáveis: estruturas jurídicas e a sua compatibilização com a Lei nº 6.404/76
Abstract
Ao longo dos anos, algumas companhias do mercado brasileiro vêm implementando
incorporações com emissão de ações preferenciais resgatáveis. Essas reorganizações,
inspiradas no modelo norte-americano, têm o intuito de combinar operações de
incorporação e de resgate acionário, de forma a viabilizar a entrega de dinheiro ou ativos
diferentes de ações da incorporadora aos acionistas da incorporada. Entretanto, a partir
do caso Fibria e Suzano, essa modalidade de reorganização passou a ser classificada, por
alguns juristas, como fraude à lei, devido ao fato de elas reduzirem ou eliminarem
compulsoriamente a participação que os acionistas passariam a deter na incorporadora.
Tendo em vista a escassez de artigos com uma abordagem geral sobre essas
incorporações, este trabalho se propõe a explorar o tema tanto sob uma ótica descritiva
quanto normativa. Assim, primeiro será feita uma identificação das reorganizações já
implementadas no Brasil, acompanhada da análise das estruturas jurídicas adotadas por
elas. Em seguida, partindo da discussão que permeou a operação entre Fibria e Suzano,
serão estudados os principais argumentos e posicionamentos sobre o tema, de forma a se
identificar qual é o procedimento mais adequado para compatibilizar essas reorganizações
com a Lei nº 6.404/1976.