Como as condições financeiras afetam variáveis macroeconômicas por diferentes componentes do crédito
Resumo
O trabalho tem como objetivo avaliar a relação entre atividade econômica e condições financeiras, observando as reações das principais variáveis macroeconômicas – produto, inflação ao consumidor e taxa básica de juros – aos choques nas variáveis do mercado bancário, com divisões por pessoas físicas e pessoas jurídicas, analisando os seguintes componentes do crédito: i) inadimplência (atrasos acima de 90 dias); ii) spread bancário; e iii) volume de crédito. Para tanto, o trabalho discute a importância da inclusão de intermediação financeira em modelos macroeconômicos que busca explicar como choques são amplificados para a economia real, tratando da evolução do tema, especialmente após a crise financeira global de 2008/09 que reforçou o canal de crédito. Como procedimento metodológico, foram utilizados os modelos de Vetores Autorregressivos (VAR) para a economia brasileira, avaliando seis diferentes modelos separados por cada variável de crédito junto com as três variáveis macroeconômicas entre março de 2011 e dezembro de 2019. Pela metodologia utilizada, os resultados para a economia brasileira foram condizentes com o encontrado na literatura. Os choques na inadimplência e spread bancário resultam em condições de crédito menos atrativas para os tomadores, levando à queda do produto e à diminuição da inflação e da Selic, acompanhando os menores investimentos pelo lado das empresas e o menor consumo das famílias. Já o volume de crédito, os choques realizados acabam elevando a disponibilidade de recursos para famílias e empresas e estimulam o aumento do produto, do IPCA e da própria Selic, que busca controlar a inflação. The objective of this work is to evaluate the relationship between economic activity and credit conditions, analyzing the impact suffered by economic variables (GDP, CPI, and interest rate - Selic) on shocks in credit variables - divided between the portfolios of non-financial corporations and households, and with separation for 90 days past due loans, average spread, and credit outstanding. To this end, the paper discusses the importance of macroeconomic models including financial frictions to assess the process of output shocks, as well as the evolution of models after the 2008/09 global financial crisis that reinforced the credit channel. As a methodological procedure, vector autoregressive models were used for Brazil evaluating six different models, separated by each credit variable along with the three macroeconomic variables between March/2011 and December/2019. By the methodology used, it can be observed that the shock in the financing condition (spread and 90 days past due loans) reflects in negative effects for economic activity, with a decrease in output and inflation and, consequently, requires a decrease in the Selic levels to stimulate the economy again. On the credit volume side, the effects were contrary to what was found in financing conditions, generating an increase in product and inflation, due to the greater volume of credit in the economy