A cadeia de distribuição de vacinas contra Covid-19 no Brasil na perspectiva da mídia

Abstract

A pandemia da COVID-19 gerou intensa atividade de comunicação em massa relacionada às vacinas contra o SARS-CoV-2, uma vez que a comunidade científica internacional foi mobilizada para pesquisa de soluções de enfrentamento da doença, gerando conhecimento médico, tecnológico e logístico que culminou na maior campanha mundial de vacinação de que se tem conhecimento na história. A mídia jornalística abordou o desenvolvimento, negociação, regulamentação, distribuição e aplicação das vacinas no Brasil e no mundo durante a pandemia. A literatura comprovou que existe uma relação direta entre o posicionamento da mídia em relação à crise sanitária gerada pela COVID-19 e a percepção das pessoas em relação aos riscos trazidos pelo vírus. A cadeia de suprimentos da vacina é parte deste contexto e foi estudada atentamente pelos diferentes profissionais envolvidos nos esforços de entender e executar um plano de imunização nacional numa corrida contra o tempo e a indisponibilidade de doses. Este estudo tem como objetivo analisar a cadeia de distribuição de vacinas contra COVID-19 no Brasil do ponto de vista teórico e durante o enfrentamento de uma pandemia, através de uma análise documental, baseada em matérias digitais publicadas pela Agência Brasil e Folha de São Paulo. Utilizando a ferramenta Atlas TI, os documentos selecionados foram analisados e codificados com foco nos componentes de uma cadeia de suprimentos de vacinas sugeridos pela literatura. Com o levantamento realizado foi possível verificar que uma cadeia de distribuição de vacinas pode ser categorizada e analisada a partir da disponibilidade de produto, alocação e distribuição das doses. No entanto, em períodos de pandemia, a questão da disponibilidade aparece em destaque na mídia. As cadeias de distribuição de vacinas diferem entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento, como o Brasil, que dependem da importação ou transferência de tecnologia para obtenção de novos imunizantes. A disponibilidade de vacinas interfere nos planos de alocação e estratégia de distribuição, dando maior ou menor celeridade e eficiência às campanhas de vacinação. Como contribuição desse trabalho, foram sugeridos ajustes no framework estudado em relação às incertezas e ineficiências do governo, principalmente no que tange os riscos de irregularidades, para cobertura de cenários de pandemia em países em desenvolvimento.