Efeitos da orientação multi-stakeholders no desempenho social e no desempenho financeiro da empresa
Abstract
A discussão sobre o papel das empresas na sociedade segue cada vez mais aquecida. Tanto no ambiente acadêmico quanto no corporativo, acadêmicos e executivos buscam incorporar o propósito empresarial e a orientação empresarial a múltiplos stakeholders em suas agendas. Críticos da primazia do acionista (e.g., Ghoshal, 2005; Gersel e Johnsen, 2020; Dmytriyev, Freeman, & Hörisch, 2021) argumentam que ela não tem mais cabimento tanto por razões éticas como por motivação econômica, de geração de valor (McGahan, 2021). Mas qual seria o impacto da orientação multi-stakeholders nos resultados financeiros das empresas? Será que empresas orientadas a multi-stakeholders acabam por reduzir o valor e a riqueza dos seus acionistas? Esta pesquisa busca esta resposta, cobrindo importantes lacunas na literatura, onde não há consenso sobre o efeito de uma orientação estratégica multi-stakeholders, medida a partir das intenções da direção da empresa, no desempenho social e financeiro. O estudo mede a orientação a multi-stakeholders por meio de uma análise de conteúdo em 1962 cartas aos acionistas de 375 empresas contidas no índice S&P500 de 2014 a 2019 e, através de análise de painel (total de 6.444 interações), verifica se tal orientação tem efeito no desempenho social corporativo (CSP, medido com dados do CSRHub) e se o CSP tem efeito no desempenho econômico-financeiro (CFP, medido pela variação do market cap). A análise de conteúdo se amparou em um dicionário customizado criado pelo autor e validado por 30 especialistas com artigos acadêmicos relevantes publicados sobre cada tipo de stakeholder. Os resultados indicam relação positiva e significativa entre orientação a multi-stakeholders e CSP, bem como efeito positivo e significativo entre CSP e CFP. O efeito direto da orientação multi-stakeholders sobre CFP não foi suportado no estudo. Desta forma, concluímos que sim, as empresas mais orientadas a multi-stakeholders têm impacto positivo no seu desempenho social corporativo, e que este, por sua vez, tem impacto positivo em seu valor de mercado, quando comparadas às empresas menos orientadas a multi-stakeholders, evidenciando as implicações positivas para o acionista de uma orientação empresarial a múltiplos stakeholders em suas agendas. The discussion about the role of corporations in society continues to become increasingly heated. In both academic and corporate environments, academics and executives seek to incorporate business purpose and business orientation to multiple stakeholders in their agendas. Critics of shareholder primacy (eg, Ghoshal, 2005; Gersel and Johnsen, 2020; Dmytriyev, Freeman, & Hörisch, 2021) argue that it is no longer appropriate for ethical reasons as well as for economic, value-generating motivations (McGahan, 2021). But what would be the impact of a multi-stakeholder orientation on corporates' financial results? Do multi-stakeholder oriented companies end up reducing shareholder value and wealth? This research seeks this answer, covering important gaps in the literature, where there is no consensus on the effect of a multi-stakeholder strategic orientation, measured from the intentions of the management, on social and financial performance. The study measures multi-stakeholder orientation through content analysis in 1962 letters to shareholders from 375 companies contained in the S&P500 index from 2014 to 2019 and, through panel analysis (total of 6,444 interactions), it checks whether such guidance has an effect on corporate social performance (CSP, measured with CSRHub data) and whether CSP has an effect on economic-financial performance (CFP, measured by market cap variation). Content analysis was supported by a custom dictionary created by the author and validated by 30 experts with relevant academic articles published on each type of stakeholder. The results indicate a positive and significant relationship between multi-stakeholder orientation and CSP, as well as a positive and significant effect between CSP and CFP. The direct effect of multi-stakeholder orientation on CFP was not supported in the study. Thus, we conclude that yes, companies more oriented to multi-stakeholders have a positive impact on their corporate social performance, and that this, in turn, has a positive impact on their market value, when compared to companies less multi-stakeholders oriented, highlighting the positive implications for the shareholder of a business orientation to multiple stakeholders in their agendas.
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