O espaço setorial-ocupacional revela a estratificação socioeconômica no Brasil
Abstract
A estratificação social é determinada não só por renda, nível educacional, raça e gênero, mas, também, pelas características do emprego de cada pessoa e pela posição que ocupa na estrutura setorial. Partindo de um conjunto de dados de 76.6 milhões de trabalhadores brasileiros e de métodos da ciência de redes, mapeamos o Espaço Setorial-Ocupacional Brasileiro (“Brazilian Industry-Occupation Space” – BIOS). O BIOS mede em que grau 600 ocupações co-aparecem em 585 setores, resultando em uma rede complexa que demonstra como as comunidades setoriais-ocupacionais fornecem informações importantes sobre a segmentação em rede da sociedade. Demonstramos que gênero, raça, nível educacional e renda se concentram de forma desigual na estrutura centroperiferia do BIOS. Identificamos 28 comunidades setoriais-ocupacionais na estrutura em rede do BIOS e relatamos sua contribuição para a desigualdade de renda total no Brasil. Finalmente, quantificamos a pobreza relativa interna e externa dessas comunidades. Em suma, o BIOS revela como a associação de setores e ocupações ajuda a mapear as classes sociais e entender a desigualdade no Brasil.