Jaula de vidro
Abstract
As new format of the cultural industry, reality shows have become the subject of academic interest in the last decade. Among the various analyzes about it, the most common are those related to the interest generated on a public eager for the obscene, or the perverse, in the Lacanian sense, for an immediate access to the Real. In opposition to this perspective, this paper seeks to develop the hypothesis that such programs present, in a plastered form, despite the proliferation of contents, our own social fantasy. i.e., it doesn't shows a barred social scene, but this scene itself: the production world, organized according to capitalist flexible accumulation. This essay is not an abridgement, but a new presentation of some conclusions of my doctoral research on reality shows, done at the Department of Sociology of the University of São Paulo. Como novo formato da indústria cultural, os reality shows se tornaram objeto de interesse acadêmico na última década. Das variadas análises a seu respeito, as mais comuns são aquelas voltadas para o interesse gerado em um público ávido pelo obsceno, pelo perverso ou, em sentido lacaniano, por um acesso imediato ao Real. Na contramão dessa perspectiva, o presente trabalho busca desenvolver a hipótese segundo a qual tais programas apresentam, em sua forma engessada, não obstante a multiplicação de conteúdos, nossa própria fantasia social. Ou seja, não se trata de uma configuração barrada da cena social, mas daquilo mesmo que a sustenta: nossa reprodução no mundo de trabalho, organizado segundo a acumulação capitalista flexível. O presente ensaio não é uma síntese, mas a reapresentação de algumas das conclusões às quais cheguei em minha pesquisa de doutorado, a respeito de reality shows, realizada junto ao Departamento de Sociologia da USP.