O programa pró-equidade de gênero e raça e o enfrentamento das desigualdades no mundo do trabalho: um estudo a partir dos sentidos construídos pela secretaria de políticas para as mulheres

Abstract

This dissertation discusses the effects of competition in the senses involving affirmative action policies to promote equality of opportunity and treatment between women and men in the formal workplace. To do so, it takes as the object of research the Equality Program of Gender and Race, seeking to reveal the ideas and actions that shapes and moves their intentionality in the Secretariat of Policies for Women (SPM) of the federal government – which is the institution responsible for this policy. The primary sources of the analysis here produced are the narratives of key actresses who participated in the design and implementation of the Program. It was used the Critical Discourse Analysis (CDA) as a methodology and the epistemic context of languages of “affirmative action” and “diversity management” to locate the discursive fields of the accessed narratives. The comprehension of senses is founded on theoretical contributions to the organizational studies that aim to reveal the ideological materiality behind the speeches. Based on Thoenig’s work, (2007) this paper analyzes how the interdependence between different internal and external organizational boundaries to SPM mobilizes the construction of 'standard' that underpins the Equality Program of Gender and Race. Additionally, utilizing the contributions of Crozier (1967), it was shown the 'zones of relevant uncertainty' hanging over the program around decisions taken by the management of SPM. The study suggests that the Pro-Gender Equity Program and Race - taken as a highlighted solution by SPM to dialogue with the formal sector in regarding to the importance of promoting equality of opportunity and treatment in the workplace - negotiates the reverse of its purpose in the long term. Among the reasons for this effect would be the difficulty of the Program to incorporate its priority audience (large corporations) and its contribution to strengthening the speech from parts contrary to the ideology of affirmative action on gender and race in the field of work.

Esta dissertação discute os efeitos da competição sobre os sentidos que envolvem as políticas afirmativas em prol da igualdade de oportunidades e tratamento entre mulheres e homens no mundo do trabalho formal. Para tanto, toma como objeto de pesquisa o Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, buscando revelar as ideias e ações que estruturam e movem sua intencionalidade na Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) do governo federal – instituição responsável pela política. A fonte prioritária das análises aqui produzidas são as narrativas de atrizes-chave que participaram da concepção e da implementação do Programa. Utiliza-se a Análise Crítica do Discurso (ACD) como metodologia e o contexto epistêmico de “ações afirmativas” e de “gestão diversidade” para localizar os campos discursivos das narrativas acessadas. A compreensão de sentidos é fundamentada com base em aportes teóricos afeitos ao campo de estudos organizacionais com vistas a revelar a materialidade ideológica por trás dos discursos. Com base no trabalho de Thoenig (2007) analisou-se de que forma a interdependência entre diferentes campos organizacionais internos e externos à SPM mobiliza a construção do padrão que fundamenta o Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça. Complementarmente, utilizando as contribuições de Crozier (1967) foram evidenciadas as “zonas de incerteza pertinentes” que pairam sobre o Programa em torno de decisões tomadas pelas gestoras da SPM. O estudo sugere que o Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça – tido como solução destacada pela SPM para dialogar com o setor formal a respeito da importância de promover a igualdade de oportunidades e tratamento no mundo do trabalho – agencia o sentido inverso daquilo que se propõe a mobilizar no longo prazo. Entre as razões para isso estão a dificuldade do Programa para incorporar o seu público-alvo prioritário (as grandes corporações) e a sua contribuição para o fortalecimento do discurso de setores contrários à ideologia das políticas de ação afirmativa de gênero e raça no mundo do trabalho.