Insurgentes incendeiam a cidade da Bahia. O quebra-bondes e a Revolução de 30

Autores

Palavras-chave:

Revolução de 30, Bahia, Motim, Trabalhadores, Racismo.

Resumo

A partir da análise do Quebra Bondes, protesto ocorrido em 4 de outubro de 1930 contra as companhias Linha Circular e Energia Elétrica, firmas encarregadas dos bondes, elevadores, planos inclinados, eletricidade e telefonia de Salvador, o artigo questiona a costumeira representação da elite baiana de placidez social ou controle da população durante o processo “mudancista” — “outubrista” — em 1930. Nossa intenção estratégica é integrar a pesquisa sobre a Bahia na macronarrativa histórica com termos distantes das perspectivas que a enquadram como um lugar atrasado ou marginal no processo político brasileiro. Para nós, a Bahia aparece muito e desde o começo da Revolução de 30. Legalista no início, o estado aderiu aos vitoriosos (sem resistir). Neste artigo, a Bahia, contudo, não é vira-casaca: é, antes, lugar atravessado pela possibilidade da ação popular direta, pela presença de sertanejos armados por seus patrões, pela conspiração civil e militar e, por fim, pelas forças oligárquicas aliadas a São Paulo. Em particular, o artigo aponta para a força popular no enfrentamento de obstáculos reais, tanto as hierarquias sociais quanto as distâncias existentes entre os pontos da cidade onde agiram os insurgentes. Examina como o quebra-quebra foi percebido em termos raciais e não teve sua paternidade reivindicada por nenhuma força operante no movimento revolucionário, talvez porque tenha projetado sobre a antiga capital do Brasil a caraça de malvadezas do bicho-papão da horda negra.

Biografia do Autor

Antonio Luigi Negro, Universidade Federal da Bahia – Salvador (BA), Brasil.

Pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pós-doutorado no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) e professor do Departamento de História da Universidade Federal da Bahia (UFBa)

Jonas Brito, Universidade Estadual de Campinas – Campinas (SP), Brasil.

Doutorando em História pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), processo nº 2017/08502-6)

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Publicado

2020-09-01