Gênero e conhecimento: um diálogo entre o pensamento de Flora Tristan e Harriet Martineau

Autores

Palavras-chave:

Interseccionalidade, Gênero, Epistemologia, Sociologia clássica, Flora Tristan, Harriet Martineau.

Resumo

O artigo explora contribuições epistemológicas e metodológicas de duas pioneiras da sociologia, Flora Tristan e Harriet Martineau, como parte de um programa mais amplo de reavaliação da formação da disciplina no século XIX. Argumenta-se que, não obstante as diferenças, essas autoras apresentaram reflexões originais à época que permanecem relevantes nos debates sociológicos contemporâneos sobre interseccionalidade, posicionalidade, conhecimento e método na pesquisa social. Ao resgatar a originalidade das ideias de ambas, o texto reforça a necessidade de revisar a história fundacional da sociologia. Por fim, essa perspectiva articulasse à preocupação interseccional com as condições de produção e circulação do conhecimento.

Referências

ALATAS, S. F.; SINHA, V. Sociological theory beyond the canon. Londres: Palgrave MacMillan, 2017.

ALATAS, S. F.; SINHA, V. Teaching Classical Sociological Theory in Singapore: The Context of Eurocentrism. Teaching Sociology, v. 29, n. 3, p. 316-331, 2001. http://doi.org/10.2307/1319190

BLOCH-DANO, E. Flora Tristan: La Femme-Messie. Paris: Grasset, 2001.

CAMPILLO, N. Las Sansimonianas: Un grupo feminista paradigmático. In: AMORÓS, C. (org.). Feminismo e Ilustración. Madri: Instituto de Investigaciones Feministas, 1992. p. 313-325.

CAMPOS, L. R. Flora Tristan, uma pioneira em movimento. Horizontes ao Sul, 2019. Disponível em: <https://www.horizontesaosul.com/single-post/2019/10 /20/ESTRANGEIRA-E-SOZINHA-FLORA-TRISTAN-UMA-PIONEIRA-EM-MOVIMENTO>. Acesso em: 16 mar. 2020.

CHABAUD-RYCHTER, D.; DESCOUTURES, V.; DEVREUX, A.-M.; VARIKAS, E. Questões de gênero nas ciências sociais “normásculas”. In: CHABAUD-RYCHTER, D.; DESCOUTURES, V.; DEVREUX, A.-M.; VARIKAS, E. (orgs.). O gênero nas ciências sociais: releituras críticas de Max Weber a Bruno Latour. Brasília: Editora UnB; São Paulo: Editora UNESP, 2014.

CONNELL, R. Canons and colonies: the global trajectory of sociology. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 32, n. 67, 2019. https://doi.org/10.1590/s2178-14942019000200002

CONNELL, R. Southern Theory: the global dynamics of knowledge in Social Science. Sydney: Allen & Unwin, 2007.

CONNELL, R. Why Is Classical Theory Classical? The American Journal of Sociology, v. 102, n. 6, p. 1511-1557, 1997. https://doi.org/10.1086/231125

CROSS, M. F. The relationship between feminism and socialism in the life and work of Flora Tristan (1803-1844). Tese (Doutorado) – Departamento de Francês, Universidade de Newcastle, Inglaterra, 1988.

CROSS, M. F.; GRAY, T. The Feminism of Flora Tristan. Cheltenham: Berg Publishers, 1992.

D’ATRI, A. Flora Tristan, el martillo y la rosa. Argentina: Ediciones IPS, 2019.

DESANTI, D. Flora Tristan: Oeuvres et vie mêlées. Paris: Union Générale d'éditions, 1973. (Collection 1018.)

DUBET, F. Why remain “classical”? European Journal of Social Theory, v. 10, n. 2, p. 247-260, 2007. https://doi.org/10.1177%2F1368431007078891

GABAY, N. With the Practiced Eye of a Deaf Person: Harriet Martineau, Deafness and the Scientificity of Social Knowledge. The American Sociologist, v. 50, p. 335-355, 2019. https://doi.org/10.1007/s12108-019-9401-0

GILROY, P. Civilizacionismo, a “alt-right” e o futuro da política antirracista: um informe da Grã-Bretanha. Revista ECO-Pós, v. 21, n. 3, 2018. https://doi.org/10.29146/eco-pos.v21i3.22525

GÓMEZ, L. Mujer sin equipaje. El Viaje de Flora Tristán al Perú. Revista de Crítica Literaria Latinoamericana, n. 80, p. 169-186, 2014.

GONZÁLES, M. de la M. I. Flora Tristán y la tradición del Feminismo Socialista. Tese (Doutorado) – Universidad Carlos III, Madri, 2009.

GROGAN, S. K. Flora Tristan: Life Stories. Londres: Routledge, 1998.

HILL, M. Harriet Martineau (1802–1876). In: DEEGAN, M. J. (org.) Women in Sociology: A Bio-Bibliographical Sourcebook. Nova York: Greenwood Press, 1991. p. 289-297.

HILL COLLINS, P. On Book Exhibits and New Complexities: Reflections on Sociology as Science. Contemporary Sociology, v. 27, n. 1, p. 7-11, 1998. https://doi.org/10.2307/2654698

HIRATA, H. Gênero, classe e raça: interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo Social, v. 26, n. 1, p. 61-73, 2014. https://doi.org/10.1590/S0103-20702014000100005

KONDER, L. Flora Tristan: uma vida de mulher, uma paixão socialista. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.

LEPENIES, W. As três culturas. São Paulo: Edusp, 1996.

MADOO LENGERMANN, P.; NIEBRUGGE-BRANTLEY, J. The Women Founders: Sociology and Social Theory 1830 – 1930. Nova York: McGraw Hill, 1998.

MARTINEAU, H. Domestic Service. London and Westminster Review, v. 7, n. 29, 1838.

MARTINEAU, H. How to Observe Morals and Manners. Project Gutenberg, 2010.

MARTINEAU, H. Society in America. Nova York: Saunders and Otley, 1837a. v. 1.

MARTINEAU, H. Society in America. Nova York: Saunders and Otley, 1837b. v. 2.

MICHAUD, S. (org.). Un fabuleux destin: Flora Tristan. Dijon: Editions Universitaires de Dijon, 1985.

PINSKY, C. B. Estudos de Gênero e História Social. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 17, n. 1, 2009. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2009000100009

PISCITELLI, A. Recriando a categoria mulher? Cultura e Gênero, 2001. Disponível em: <http://www.culturaegenero.com.br/download/praticafeminina.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2020.

PORTAL, M. Flora Tristan: a forerunner woman. Nova York: Trafford, 2012.

PUECH, J.-L. La Vie et l’Oeuvre de Flora Tristan. Paris: Marcel Rivière, 1925.

SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, v. 20, n. 2, 1995.

TRISTAN, F. Nécessité de faire un bon accueil aux femmes étrangères. Édition présentée et commentée par Denys Cuche, postface de Stéphane Michaud. Paris: L’Harmattan, 1988.

TRISTAN, F. Peregrinações de uma pária. Florianópolis: Editora Mulheres; Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2000.

TRISTAN, F. Promenades dans Londres, ou l’aristocratie et les prolétaries anglais, édition établie et commentée par François Bédarida. Paris: François Maspero, 1978.

TRISTAN, F. União Operária. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2015.

VARIKAS, E. A escória do mundo: as figuras do pária. São Paulo: Editora UNESP, 2014.

VARIKAS, E. Pária: uma metáfora da exclusão das mulheres. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 9, n. 18, p. 19-28, 1989.

VARIKAS, E. Prefácio. In: TRISTAN, F. União operária. Rio de Janeiro: Editora Fundação Perseu Abramo, 2015.

Downloads

Publicado

2020-05-01