A Copa do Mundo da ditadura ou da resistência? Comemorações e disputas de memórias sobre a Argentina de 1978
Palavras-chave:
Argentina, Copa do Mundo, Celebrações, Ditadura, Memórias.Resumo
O objetivo deste artigo é relacionar as memórias sobre a vitória argentina na Copa do Mundo de 1978 ao contexto mais amplo de construções e disputas memorialísticas que marcaram tanto a ditadura quanto a redemocratização e a democracia da Argentina. A história recente do país é fortemente marcada pelos conflitos entre o passado autoritário e as relações da sociedade com a última ditadura, que surgem constantemente como espaço de conflito no presente por meio das disputas de narrativas sobre as muitas memórias construídas e consolidadas. A vitória de 1978 é um marco no conflito entre torcer versus resistir ao regime que vigorou entre março de 1976 e dezembro de 1983. Com o respaldo de dados consultados na sede da Federação Internacional de Futebol (Fifa) e de arquivos argentinos, nossa hipótese é a de uma mudança de política governamental com a chegada da direita na figura de Maurício Macri em 2015, em oposição às políticas de memória durante os governos kirchneristas de 2003 a 2015. Com isso, as comemorações dos trinta anos da conquista, em 2008, e dos quarenta anos, em 2018, permitem analisar essas mudanças políticas e perceber uma alteração na perspectiva da Copa como evento da ditadura.Referências
ARCHETTI, Eduardo. Military Nationalism, Football Essentialism, and Moral Ambivalence. In: TOMLINSON, Alan; YOUNG, Christopher (ed.). National Identity and global sports events. Londres: Sunny Press, 2006, p. 133-148.
ALABARCES, Pablo. Fútbol y patria. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2008.
CALVEIRO, Pilar. Los usos políticos de la memoria. In: CALVEIRO, Pilar. Sujetos sociales y nuevas formas de protesta en la historia reciente de América Latina. Buenos Aires: Clacso Editorial, 2006.
EISENBER, Christina et al. Fifa (1904-2004): un siglo de fútbol. Madri: Pearsión Educación, 2004.
FRANCO, Marina. Derechos humanos, política y fútbol. Entrepasados (Buenos Aires), v. XIV, n. 28, 2005, p. 27-45.
FRANCO, Marina. La “teoría de los dos demonios”: un símbolo de la posdictadura en la Argentina. A Contracorrientes (Buenos Aires), v. 11, n. 2, 2014, p. 22-52.
HALBWACHS, Maurice. Memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2006.
JELIN, Elizabeth (comp.) Las conmemoraciones: las disputas en las fechas “in-felices”. Madri: Siglo Veintiuno, 2002.
JELIN, Elizabeth. La justicia después del juicio: legados y desafíos en la Argentina postdictatorial. In: FICO, Carlos et al. Ditadura e democracia na América Latina. Rio de Janeiro: FGV, 2008.
JELIN, Elizabeth. Los trabajos de la memoria. Madri: Siglo Veintiuno, 2002.
LVOVICH, Daniel. Sistema político y actitudes sociales en la legitimación de la dictadura militar argentina (1976-1983). Ayer (Buenos Aires), n. 75, 2009, p. 275-299.
MAGALHÃES, Lívia G. Com a taça nas mãos: sociedade, Copa do Mundo e ditadura no Brasil e na Argentina. Rio de Janeiro: Lamparina/Faperj, 2014.
MICHEL, Johann Podemos falar de uma política do esquecimento? Revista Memória em Rede (Pelotas), v. 2-3, ag./nov. 2010.
NOVARO, Marcos; PALERMO, Vicente. Historia Argentina. V. 9. La dictadura militar 1976/1983, del golpe de Estado a la restauración democrática. Buenos Aires: Paidó, 2003.
RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas: Editora Unicamp, 2007.
ROLDÁN, Diego La espontaneidad regulada. Fútbol, autoritarismo y nación en Argentina 78: una mirada desde los márgenes. Prohistoria (Rosario), ano XI, n. 11, 2007, p. 125-147.
SARLO, Beatriz. Tempo passado: cultura da memória e guinada subjetiva. São Paulo: Companhia das Letras/ Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.
VOMMARO, Gabriel. Meterse en política: la construcción de PRO y la renovación de la centroderecha argentina. Nueva Sociedad (Buenos Aires), n. 254, 2014.