Quando novos conceitos entraram em cena: história intelectual do “populismo” e sua influência na gênese do debate brasileiro sobre movimentos sociais
Palavras-chave:
História intelectual, Movimentos sociais, Redemocratização.Resumo
O texto segue a trajetória da produção de F. Weffort sobre o chamado “populismo” e mostra seus efeitos no debate dos “movimentos sociais urbanos” e também dos “novos personagens em cena” , defendendo uma história intelectual centrada em ideias e nas tensões entre intelectualidade e expectativas políticas. A observação de inflexões e continuidades na tese populista permite chegar a dois resultados. A miríade de conceitos que marcou, em parte, a gênese da discussão brasileira sobre movimentos sociais nasce como crítica e adesão à herança weffortiana. Além disso, o artigo mostra que os novos conceitos não se gestam em algo como um “campo acadêmico”, e sim nascem de inspirações e influências daquele conjunto de intelectuais e das apostas por eles forjadas em seus núcleos na sociedade civil (o Cedec, no caso) ou nas relações com outros atores civis e partidários.
Referências
ALMEIDA, Maria H. T. O sindicalismo brasileiro entre a conservação e a mudança. Sociedade e política no Brasil pós-64. São Paulo: Brasiliense, 1983.
ALONSO, Angela. As teorias dos movimentos sociais: um balanço do debate. Lua Nova, n. 76, 2009.
ARRUDA, Maria A. A Sociologia no Brasil: Florestan Fernandes e a ‘escola paulista’. História das Ciências Sociais, v. 2, São Paulo: Idesp/Fapesp, 1995.
BASTOS, Elide R.; BOTELHO, André. Para uma sociologia dos intelectuais. Dados, v. 53, n. 4, 2010.
BOSCHI, Renato. A arte da associação: política de base e democracia no Brasil. São Paulo: Vértice, 1987.
BRANDÃO, Gildo M. Linhagens do Pensamento Político Brasileiro. Dados, Rio de Janeiro, v. 48, n. 2, 2005.
CARDOSO, Ruth. Movimentos sociais urbanos: balanço crítico. Sociedade e política no Brasil pós-64. São Paulo: Brasiliense, 1983.
CHAUI, Marilena. Cultura do povo e autoritarismo das elites. A cultura do povo. São Paulo: Cortez e Moraes/Educ, 1979.
CHAUI, Marilena. Prefácio. Quando novos personagens entraram em cena: experiências, falas e lutas dos trabalhadores da Grande São Paulo (1970-80). Rio: Paz e Terra, 1998.
CHALHOUB, Sidney; SILVA, Fernando T. Sujeitos no imaginário acadêmico: escravos e trabalhadores na historiografia brasileira desde os anos 1980. Cadernos AEL, Campinas, v. 14, n. 26, 2009.
COHN, Gabriel. Política e revolução social no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965.
DEBERT, Guita. Ideologia e populismo: Adhemar de Barros, Miguel Arraes, Carlos Lacerda, Leonel Brizola. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008 [1979].
FERNANDES, Florestan. Prefácio. Greve de massa e crise política: estudo da Greve dos 300 mil em São Paulo (1953-54). São Paulo: Polis, 1978.
FERREIRA, Jorge. O populismo e sua história: debate e crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
FILHO, Daniel A. Reis. O colapso do colapso do populismo ou a propósito de uma herança maldita. In: FERREIRA, Jorge. O populismo e sua história: debate e crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
GARCIA, Marco A. Posfácio. Quando novos personagens entraram em cena: experiências, falas e lutas dos trabalhadores da Grande São Paulo (1970-80). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.
GOHN, Maria da G. A força da periferia. Petrópolis: Vozes, 1985.
GOMES, Ângela C. O populismo e as ciências sociais no Brasil: notas sobre a trajetória de um conceito. In: FERREIRA, Jorge. O populismo e sua história: debate e crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
HOLLANDA, Cristina B. Os cadernos do nosso tempo e o interesse nacional. Dados, Rio de Janeiro, v. 55, n. 3, 2012.
IANNI, Octavio. Política e revolução social no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965.
JACKSON, Luis; BARBOSA, Darlan. Histórias das ciências sociais brasileiras. In: MARTINS, Carlos Benedito; MICELI, Sergio (orgs.). Sociologia brasileira hoje. Cotia: Ateliê, 2017.
JACOBI, Pedro. Movimentos populares urbanos e resposta do Estado: autonomia e controle vs. cooptação e clientelismo. In:
BOSCHI, Renato Raul (org.). Movimentos coletivos no Brasil urbano. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
JASMIN, Marcelo; FERES JR., João (orgs.) História dos conceitos: debates e perspectivas. Rio de Janeiro: PUC-Rio/Loyola/Iuperj, 2006.
KAYSEL, André; MUSSI, Daniela. Populismo, sindicalismo e democracia: a polêmica entre F. Weffort, C. E. Martins e M. H. Tavares de Almeida (1972-1978). 41º Encontro anual da Anpocs, 2017.
KECK, Margareth. PT, a lógica da diferença. São Paulo: Ática, 1991.
LAHUERTA, Milton. Intelectuais e resistência democrática: vida acadêmica, marxismo e política no Brasil. Cadernos AEL, v. 8, n. 14/15, 2001.
LACLAU, Ernesto. A razão populista. São Paulo: Três Estrelas, 2013.
LAVALLE, Adrian Gurza; SZWAKO, José. Sociedade civil, Estado e autonomia: argumentos, contra-argumentos e avanços no debate. Opinião Pública, v. 21, n. 1, 2015.
LYNCH, Christian. Saquaremas e Luzias: a sociologia do desgosto com o Brasil. Insight Inteligência, Rio de Janeiro, v. 55, 2011.
LOPES, José L. Cultura e identidade operária. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1987.
MICELI, Sérgio. História das ciências sociais no Brasil. São Paulo: Vértice/Idesp, 1989.
MOISÉS, José A. Greve de massa e crise política: estudo da Greve dos 300 mil em São Paulo (1953-54). São Paulo: Polis, 1978.
MOISÉS, José A.; MARTINEZ-ALIER, Verena. A revolta dos suburbanos ou “Patrão, o trem atrasou”. In: MOISÉS, José A. Contradições urbanas e movimentos sociais. Rio de Janeiro: Paz e Terra/Cedec, 1977.
PAOLI, Maria Célia. Labor, Law and State in Brazil (1930-1950). Tese (Ph.D) – Universidade de Londres, Londres, 1988.
PAOLI, Maria Célia. Os trabalhadores urbanos na fala dos outros: tempo, espaço e classe na história operária brasileira. In: LOPES, José Sérgio Leite. Cultura e identidade operária. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1987.
PAOLI, Maria Célia; SADER, Eder; TELLES, Vera Silva. Pensando a classe operária: os trabalhadores sujeitos ao imaginário acadêmico. Revista Brasileira de História, Rio de Janeiro, v. 3, n. 6, 1983, p. 1291-49.
PÉCAUT, Daniel. Os intelectuais e a política no Brasil. São Paulo: Ática, 1990.
PERRUSO, Marco A. Em busca do “novo”: movimentos sociais no pensamento social brasileiro dos anos 1970/80. Perspectivas, São Paulo, v. 37, 2010.
ROMAO, Wagner. Sociologia e política acadêmica nos anos 1960: a experiência do Cesit. São Paulo: Humanitas/Fapesp, 2006.
SADER, Eder. Quando novos personagens entraram em cena: experiências, falas e lutas dos trabalhadores da Grande São Paulo (1970-80). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
SADER, Eder; PAOLI, Maria Célia. Sobre “classes populares” no pensamento sociológico brasileiro: notas de leitura sobre acontecimentos recentes. In: CARDOSO, Ruth. A aventura antropológica: teoria e pesquisa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
SANTANNA, M. O “novo” e o “velho” sindicalismo: análise de um debate. Revista de Sociologia Política, Curitiba, v. 10, n. 11, 1998.
SANTOS, Carlos N. F. Movimentos urbanos no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
SANTOS, Wanderley G. A imaginação política brasileira: cinco ensaios de história intelectual. Rio de Janeiro: Revan, 2017.
SCHERER-WARREN, Ilse. O caráter dos novos movimentos sociais. In: SCHERER-WARREN, Ilse. Uma revolução no cotidiano. São Paulo: Brasiliense, 1987.
SCHWARCZ, Lilia; BOTELHO, André. Pensamento social brasileiro, um campo vasto ganhando forma. Lua Nova, n. 82, 2011.
SCHWARTZMAN, Simon. O pensamento nacionalista e os Cadernos do Nosso Tempo. Brasília: UnB/Câmara dos Deputados, s/d.
SILVA, Luiz A. Machado da; RIBEIRO, Ana C. Paradigma e movimentos sociais: por onde andam nossas idéias? Ciência Sociais Hoje, São Paulo, 1985.
SIQUEIRA, Ronaldo; FERNANDES, Carmen. Resenha crítica do livro de Francisco C. Weffort Participação e conflito industrial: Contagem e Osasco (1968). Contraponto – Revista de Ciências Sociais do Centro de Estudos Noel Nutels, Rio de Janeiro, 1976.
SZWAKO, José. A tarefa da crítica ou Frankfurt nos trópicos. In: SILVA, Josué (org.). Sociologia crítica no Brasil. São Paulo: Annablume, 2012.
SINGER, Paul. Política e revolução social no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965.
TEIXEIRA, Ana C. Para além do voto: uma narrativa sobre a democracia participativa no Brasil (1975-2010). Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2017.
TOLEDO, Caio N. Iseb: fábrica de ideologias. São Paulo: Ática, 1977.
WEFFORT, Francisco. Carta à redação: resposta de Francisco Weffort à resenha crítica de seu livro Participação e conflito industrial. Contraponto – Revista de Ciências Sociais do Centro de Estudos Noel Nutels, Rio de Janeiro, 1976.
WEFFORT, Francisco. Democracia e movimento operário: algumas questões para a história do período 1945/1964. Revista de Cultura Contemporânea, São Paulo, v. 1, p. 7-13, 1978b.
WEFFORT, Francisco. Democracia e movimento operário: algumas questões para a história do período 1945/1964. Revista de Cultura e Política (segunda parte), São Paulo, v. 1, p. 15-25, 1979a.
WEFFORT, Francisco. Democracia e movimento operário: algumas questões para a história do período 1945/1964. Revista de Cultura e Política (terceira parte), São Paulo, v. 1, p. 11-18, 1979b.
WEFFORT, Francisco. O populismo na política brasileira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
WEFFORT, Francisco. Origens do sindicalismo populista no Brasil: a conjuntura do pós-guerra. Estudos Cebrap 4, São Paulo, 1973.
WEFFORT, Francisco. Participação e conflito industrial: Contagem e Osasco 1968. Cadernos Cebrap, São Paulo, v. 5, 1972.