Entrevista com Michael Hall
Resumo
Michael Hall tem sido, nas últimas quatro décadas, um dos principais protagonistas da historiografia sobre o trabalho no Brasil. Nascido nos Estados Unidos em 1941, estudou nas Universidades de Stanford e Columbia, onde se especializou em história brasileira. Sua tese de doutorado, defendida no final dos anos 1960, tornou-se um dos textos fundamentais sobre a imigração italiana em São Paulo.
Em 1975 transferiu-se definitivamente para o Brasil e passou a lecionar na recém-criada Universidade Estadual de Campinas. Na Unicamp, foi uma das figuras centrais na construção do Departamento de História. Foi um dos fundadores do Arquivo Edgard Leuenroth (AEL), o maior arquivo especializado em história do trabalho na América Latina, e até hoje é um dos mais profundos conhecedores do acervo dessa instituição. Teve ainda importância fundamental na montagem da Biblioteca do Instituto e Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp e na sua constituição como uma das principais bibliotecas de referência para pesquisa na área de ciências sociais e humanidades no país.
Especialista no estudo do anarquismo e do movimento operário na Primeira República, Michael Hall é um dos responsáveis pela difusão no Brasil da influente obra de E. P. Thompson e da historiografia social anglo-saxã. Desde os anos 1980, tornou-se uma espécie de “embaixador” da história social do trabalho brasileira, atuando como correspondente local de algumas das mais importantes revistas internacionais neste campo e sendo uma referência obrigatória para muitos pesquisadores estrangeiros em visita ao Brasil.
Orientador de diferentes gerações de historiadores, Michael sempre foi uma referência para seus alunos e colegas. O humor e ironia ferina, mas também as generosas e eruditas sugestões bibliográficas e dicas de fontes e acervos, invariavelmente redigidas em seu indefectível bloco de anotações de folhas amarelas, estão entre as melhores e carinhosas lembranças de todos(as) aqueles(as) que tiveram o privilégio de compartilhar da convivência com Michael ao longo desses anos.
Aposentado desde 2012, Michael continua ativo na pesquisa, orientação e participação em bancas de defesa de mestrado e doutorado. No momento prepara um livro reunindo ensaios e artigos antigos e suas pesquisas mais recentes.