O processo histórico de formação da classe trabalhadora: algumas considerações

Autores

  • Alexandre Fortes Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

formação de classe, trabalhadores, E. P. Thompson.

Resumo

O artigo enfoca a necessidade de atualização conceitual no debate sobre o processo histórico de formação da classe trabalhadora. Parte da análise das referências que influenciaram o desenvolvimento da história do trabalho no Brasil a partir dos anos 1980. Examina aspectos ainda pouco explorados da obra de E. P. Thompson e discute em que medida ela permanece atual. Por fim, sistematiza contribuições de diversos autores que vêm buscando reformular as abordagens sobre o tema de modo a enfrentar novos desafios políticos e conceituais.

Biografia do Autor

Alexandre Fortes, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Alexandre Fortes é mestre e doutor em História pela Universidade Estadual de Campinas, e professor associado da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (fortes.ufrrj@gmail.com).

Referências

ARRIGHI, Giovanni. Caos e governabilidade no moderno sistema mundial. Rio de Janeiro: Contraponto/ Editora UFRJ, 2001.

BURAWOY, Michael. Manufacturing consent: changes in the labor process under monopoly capitalism. Chicago: University of Chicago Press, 1979.

_____. For a sciological marxism: the complementary convergence of Antonio Gramsci and Karl Polanyi. Politics & Society, 31(2), 2003, p. 193-261.

_____. Marxism after Polanyi. In: WILLIAMS M. & SATGAR V. (org.) Marxisms in the 21st century: crisis, critique & struggle. Johannesburg: Wits University Press, 2014, p. 35-52.

CASTORIADIS, Cornelius. A experiência do movimento operário. São Paulo: Brasiliense, 1985.

CHAKRABARTY, D. Time of history and time of gods. In; LOWE, L. & LLOYD, D. (org.). The politics of culture in the shadow of capital. NC/London: Duke University Press, 1997, p. 48-54.

CHALHOUB, Sidney & SILVA, Fernando Teixeira da. Sujeitos no imaginário acadêmico: escravos e trabalhadores na historiografia brasileira desde os anos 1980. Cadernos AEL, v.14, n.26, 2009, p.13-45.

ELEY, Geoff & NIELD, Keith. Adeus à classe trabalhadora? Revista Brasileira de História, 33, 2013, p. 35-179.

FINK, Leon. A grande fuga: como um campo sobreviveu a tempos difíceis. Revista Brasileira de História, 32, 2012, p. 15-25.

FORTES, Alexandre. O direito na obra de E. P. Thompson. História Social, 2, 1995, p. 89-111.

_____. “Miríades por toda a eternidade”: a atualidade de E. P. Thompson. Tempo Social, 18(1), 2006 p. 197-215.

_____. Formação de classe e participação política: E. P. Thompson e o populismo. Anos 90, 17(31), 2010, p. 173-195.

_____. Razão e paixão na construção de uma historiografia engajada: uma homenagem a Eric J. Hobsbawm e E. P. Thompson. Projeto História, 48, 2013, p. 1-23.

_____ & FRENCH, John D. Sobre encanadores e filósofos: fazendo história do trabalho no Brasil. In: FORTES, Alexandre; PETERSEN, Silvia; LIMA, Henrique Espada; XAVIER, Regina Célia (org.). Cruzando fronteiras: novos olhares sobre a história do trabalho. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2013, pp. 17-28.

FRENCH, John. A história latino-americana do trabalho hoje: uma reflexão autocrítica. História-Unisinos, 6(6), 2002, p. 11-28.

GORZ, André. Adeus ao proletariado: para além do socialismo. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1987.

GUATTARI, Félix. Revolução molecular: pulsações políticas do desejo. São Paulo: Brasiliense, 1981.

GUTMAN, Herbert G. Work, culture, and society in industrializing America: essays in American working-class and social history. New York, Knopf: distributed by Random House, 1976.

_____. The black family in slavery and freedom, 1750-1925. New York: Vintage Books, 1977.

HOBSBAWM, Eric. Os trabalhadores: estudos sobre a história do operariado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

_____. A formação da cultura da classe operária britânica. In: _____ (org.). Mundos do trabalho. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

_____. O fazer-se da classe operária, 1870-1914. In: _____ (org.) Mundos do trabalho. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

_____. Mundos do trabalho. Novos estudos sobre história operária. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.

_____. Nações e nacionalismo desde 1780: programa, mito e realidade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.

_____. Era dos extremos: o breve século XX, 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

_____. Ecos da Marselhesa: dois séculos revêem a Revolução Francesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

_____ & RANGER, Terence (org.) Invenção das tradições. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.

KIRK, Neville. Change, continuity and class. Labour in British society (1850-1920). Manchester/New York: Manchester University Press, 1998.

KLEIN, Naomi. Reclaiming the commons. New Left Review, 9, 2001, p. 81-89.

LACLAU, Ernesto. Os novos movimentos sociais e a pluralidade do social. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 2(1), 1986, p. 41-47.

LEFORT, Claude. A invenção democrática: os limites da dominação totalitária. São Paulo: Brasiliense, 1983.

LEVI, G. Inheriting power: the story of an exorcist. Chicago: University of Chicago Press, 1988.

_____. A herança imaterial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

LINDEN, Marcel van der. Globalizando a historiografia das classes trabalhadoras e dos movimentos operários: alguns pensamentos preliminares. Trajetos - Revista de História da UFC, 1(2), 2002, p. 9-24.

_____. Rumo a uma nova conceituação histórica da classe trabalhadora mundial. História (São Paulo), 24, 2005, p. 11-40.

_____. História do trabalho: o velho, o novo e o global. Revista Mundos do Trabalho, 1(1), 2009, p. 11-26.

LINEBAUGH, Peter. Todas as montanhas atlânticas estremeceram. Revista Brasileira de História, 3(6), 1983, p. 7-46.

_____ & REDIKER, Markus. The many-headed hydra: sailors, slaves, commoners, and the hidden history of the revolutionary Atlantic. Boston: Beacon Press, 2000.

LINHART, Robert. Lenin, os camponeses, Taylor. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983.

_____. Greve na fábrica. São Paulo: Paz e Terra, 1986.

MARGLIN, S. Origem e funções do parcelamento das tarefas. Para que servem os patrões? In: GORZ, André (org.). Crítica da divisão do trabalho. São Paulo: Martins Fontes, 1980.

MATTOS, Olgária. A experiência da autonomia operária na Itália. Depoimento de Massimo Canevacci - Parte I. Desvios, 4, 1985, p. 124-133.

_____. A experiência da autonomia operária na Itália. Depoimento de Massimo Canevacci - Parte II. Desvios, 5, 1986, p. 126-134.

MAYER, Arno. A força da tradição - A persistência do Antigo Regime (1848-1914). São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

MELUCCI, Alberto. 1980. The new social movements: a theoretical approach. Social Science Information, 19(2), 1980, p. 199-226.

_____. Um objetivo para os movimentos sociais? Lua Nova, 17, 1989, p. 49-66.

MONTGOMERY, David. Workers' control in America : studies in the history of work, technology, and labor struggles. Cambridge/New York: Cambridge University Press, 1979.

_____. The fall of the house of labor: the workplace, the State, and American labor activism, 1865-1925. New York/Cambridge: Cambridge University Press, 1987.

_____. Citizen worker: the experience of workers in the United States with democracy and the free market during the nineteenth century. Cambridge/New York: Cambridge University Press, 1993.

NEGRI, Antonio. Del obrero-masa al obrero social: entrevista sobre el obrerismo. Barcelona: Anagrama, 1980.

NEGRO, Antonio Luigi & GOMES, Flávio. Além de senzalas e fábricas: uma história social do trabalho. Tempo social, vol. 18, n. 1, 2006.

OFFE, Claus. New social movements: challenging the boundaries of institutional politics. Social Research, 52(4), 1985, p. 817-868.

PERROT, Michelle. Os excluídos da história: operários, mulheres e prisioneiros. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

POLANYI, Karl. A grande transformação - as origens de nossa época. Rio de Janeiro: Campus, 1980.

ROEDIGER, David. The wages of whiteness: race and the making of the American working class. London/ New York: Verso, 1991.

_____. What if labor were not white and male? Recentering working-class history and reconstructing debate on the unions and race. International Labor and Working-Class History, 51, 1997, p. 72-95.

_____. Working toward whiteness: how America's immigrants became white: the strange journey from Ellis Island to the suburbs. New York: Basic Books, 2005.

_____ & ESCH, Elizabeth. The production of difference: race and the management of labor in U.S. history. New York: Oxford University Press, 2012.

SAVAGE, Mike. Classe e história do trabalho. In: BATALHA, Cláudio; SILVA, Fernando e FORTES, Alexandre (org.). Culturas de classe : identidade e diversidade na formação do operariado. Campinas: Editora UNICAMP, 2004, p. 25-48.

_____. Espaço, redes e formação de classe. Revista Mundos do Trabalho, 3(5), 2011, p. 28.

SCOTT, James. James Scott on agriculture as politics, the dangers of standardization and not being governed. Theory Talks, 2010. Disponível em: http://www.theory-talks.org/2010/05/theory-talk-38.html. Acesso em 13 de agosto de 2016.

SCOTT, Joan. Women in the making of the English working class. Gender and the politics of history. New York: Columbia University Press, 1999, p. 68-90.

SILVER, Beverly. Forças do trabalho: movimentos de trabalhadores e globalização desde 1870. São Paulo: Boitempo Editorial, 2005.

THOMPSON, E. P. A formação da classe operária inglesa, v. I, A árvore da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987a.

_____. A formação da classe operária inglesa, v. II, A maldição de Adão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987b.

_____. A formação da classe operária inglesa, v. III, A força dos trabalhadores. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987c.

_____. La sociedad inglesa del siglo XVIII: ¿lucha de clases sin clases? In: Tradición, revuelta y consciencia de clase: estudios sobre la crisis de la sociedad preindustrial. Barcelona: Editorial Crítica, 1989.

_____. Introdução: Costume e cultura. Costumes em comum - Estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 13-24.

TOURAINE, Alain. Os novos conflitos sociais. Para evitar mal-entendidos. Lua Nova, 17, 1989, p. 5-18.

TRONTI, Mario. Operários e capital. Porto: Afrontamento, 1976.

WILLIAMS, R. Palavras-chave. Um vocabulário de cultura e sociedade. São Paulo: Boitempo, 2007.

Downloads

Publicado

2016-11-16