O patrimônio cultural na gestão dos espaços do Rio de Janeiro
Palavras-chave:
patrimônio cultural, memória, urbanismo, revitalização urbana, Rio de JaneiroResumo
Neste artigo, reflito sobre retóricas e práticas patrimoniais movimentadas em torno das Áreas de Proteção do Ambiente Cultural (Apacs) do Rio de Janeiro. A partir de análise dos discursos de planejadores urbanos e de projetos governamentais, discuto como essa política municipal produziu tanto um forte apelo à identidade cultural e à memória afetiva dos bairros quanto a redistribuição de recursos entre diferentes regiões da cidade, gerando zonas de interesse turístico e de incentivo ou constrangimento à atuação do mercado imobiliário e tornando-se uma poderosa estratégia de gestão territorial.
Referências
ABREU, Regina. A emergência do patrimônio genético e a nova configuração do campo do patrimônio. In: _____; CHAGAS, Mario (orgs.). Memória e patrimônio: ensaios contemporâneos. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
BARANDIER, Henrique. Projeto urbano no Rio de Janeiro e as propostas para a área central nos anos 1990. In: SILVA, Rachel Coutinho da (org.). A cidade pelo avesso: desafios do urbanismo contemporáneo. Rio de Janeiro: Viana & Mosley/PROURB, 2006.
BIDOU-ZACHARIASEN, Catherine. Introdução. In: _____ (org). De volta à cidade: dos processos de gentrificação às políticas de ‘revitalização’ dos centros urbanos. São Paulo: Annablume, 2006.
BIRMAN, Patrícia; FERNANDES, Adriana; PIEROBON, Camila. Um emaranhado de casos: tráfico de drogas, estado e precariedade em moradias populares, Mana, Rio de Janeiro, vol. 20, nº 3, 2014.
BORDENAVE, Geisa. A antiga fábrica da Bhering. Novos usos do espaço e manifestações artísticas na Zona Portuária do Rio de Janeiro. Dissertação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2014.
CARLOS, Cláudio Antônio. Áreas de Proteção do Ambiente Cultural (Apac): da idealização à banalização do patrimônio cultural carioca. Tese, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008.
CARNEIRO, Sandra de Sá; PINHEIRO, Márcia Leitão. Cais do Valongo: patrimonialização de locais, objetos e herança africana, Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, vol. 35, no 2, 2015.
DE CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano, Rio de Janeiro: Vozes, 2011.
CLIFFORD, James. Colecionando arte e cultura, Revista do Patrimônio, Rio de Janeiro, n. 23, 1994.
COMPANS, Rose. Parceria público-privada na renovação urbana da Zona Portuária do Rio de Janeiro, Cadernos IPPUR, Rio de Janeiro, ano XII, no 1, 1998.
FOUCAULT, Michel. Ditos e escritos. Volume III. Rio de Janeiro: Forense, 2001.
FRÚGOLI, Heitor. Sociabilidade urbana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.
GONÇALVES, José Reginaldo. A retórica da perda: os discursos do patrimônio cultural no Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ / IPHAN, 1996.
_____. Os limites do patrimônio. In: LIMA FILHO, Manuel Ferreira; ECKERT, Cornélia; BELTRÃO, Jane (orgs.). Antropologia e patrimônio cultural: diálogos e desafios contemporâneos. Blumenau: ABA/Nova Letra, 2007.
GUIMARÃES, Roberta Sampaio. A moradia como patrimônio cultural: discursos oficiais e reapropriações locais. Dissertação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2004.
_____. A utopia da Pequena África. Os espaços do patrimônio na Zona Portuária carioca. Tese, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2011.
_____. Urban interventions, memories and conflicts: black heritage and the revitalization of Rio de Janeiro’s Port Zone, Vibrant, Brasília, no 10, 2013.
_____. A utopia da Pequena África. Projetos urbanísticos, patrimônios e conflitos na Zona Portuária carioca. Rio de Janeiro: FGV, 2014.
_____. A arquitetura de um espaço franciscano em tempos de reurbanização do porto carioca, Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, vol. 35, no 1, 2015.
GUTTERRES, Anelise. A resiliência enquanto experiência de dignidade: antropologia das práticas políticas em um cotidiano de lutas e contestações junto a moradoras ameaçadas de remoção nas cidades sede da Copa do Mundo 2014 (Porto Alegre, RS e Rio de Janeiro, RJ). Tese, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Rio de Janeiro: Biblioteca Vértice/Revista dos Tribunais, 1990.
HANDLER, Richard. On having a culture. In: STOCKING George (org.). Objects and others: essays on museums and material culture. Madison: The Winconsin University Press, 1985.
HOLSTON, James. A cidade modernista: uma crítica de Brasília e sua utopia. São Paulo: Cia das Letras, 1993.
LEITE, Márcia Pereira. Da metáfora da guerra à mobilização pela paz: temas e imagens do Reage Rio, Cadernos de Antropologia e Imagem, Rio de Janeiro, vol. 4, 1995.
PACHECO DE OLIVEIRA, João. Pacificação e tutela militar na gestão de populações e territórios, Mana, Rio de Janeiro, vol. 20, no 1, 2014.
PARK, Robert. A comunidade urbana como configuração espacial e ordem moral. In: PIERSON Donald (org.). Estudos de ecologia humana. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1948.
PIO, Leopoldo Guilherme. Do Corredor Cultural ao Porto Maravilha: Mudança de Paradigma?, XVI Congresso Brasileiro de Sociologia, Salvador, 2013.
POMIAN, Krzysztof. Coleção. In: RUGGIERO, Romano (org.). Enciclopédia Einaudi. Memória-História, Porto: Imprensa Nacional/ Casa da Moeda, 1987.
VASSALO, Simone; CICALO, André. Por onde os africanos chegaram: o Cais do Valongo e a institucionalização da memória do tráfico negreiro na região portuária carioca, Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 21, no 43, 2015.
VIAL, Adriana e CAVALLIERI, Fernando. O efeito da presença governamental sobre a expansão horizontal das favelas do Rio de Janeiro: os Pouso’s e o Programa Favela-Bairro, Coleção Estudos Cariocas, Rio de Janeiro: PCRJ, 2009.
WEINER, Annette. Inalienable possessions: the paradox of keeping while giving. Berkeley: University of California Press, 1992.
ENTREVISTAS REALIZADAS
Augusto Ivan Pinheiro, subprefeito do Centro (1993-2001) e secretário Municipal de Urbanismo (2006-2008), 30 de julho de 2008.
Glauco Campello, presidente do Iphan (1994-1998), 11 de novembro de 2008.
Luís Eduardo Pinheiro, diretor do Inepac (1978-1986) e diretor do DGPC (1986-1991), 15 de setembro de 2003.
Nina Rabha, administradora municipal regional da área portuária (1993-2000), 21 de agosto de 2008.
OUTRAS FONTES
Programa Eco-Urbanístico 2008. Comunicação Alfredo Sirkis, 03/12/2005. http://www2.sirkis.com.br/noticia.kmf?noticia=3944093&canal=274&total=6&indice=0. Acesso em agosto de 2007.