O patrimônio cultural na gestão dos espaços do Rio de Janeiro

Autores

  • Roberta Sampaio Guimarães Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

patrimônio cultural, memória, urbanismo, revitalização urbana, Rio de Janeiro

Resumo

Neste artigo, reflito sobre retóricas e práticas patrimoniais movimentadas em torno das Áreas de Proteção do Ambiente Cultural (Apacs) do Rio de Janeiro. A partir de análise dos discursos de planejadores urbanos e de projetos governamentais, discuto como essa política municipal produziu tanto um forte apelo à identidade cultural e à memória afetiva dos bairros quanto a redistribuição de recursos entre diferentes regiões da cidade, gerando zonas de interesse turístico e de incentivo ou constrangimento à atuação do mercado imobiliário e tornando-se uma poderosa estratégia de gestão territorial.

Biografia do Autor

Roberta Sampaio Guimarães, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Roberta Sampaio Guimarães é doutora em Antropologia Cultural pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da UFRJ, professora adjunta e pesquisadora do Departamento de Antropologia e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UERJ (guimaraes_45@yahoo.com.br).

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ENTREVISTAS REALIZADAS

Augusto Ivan Pinheiro, subprefeito do Centro (1993-2001) e secretário Municipal de Urbanismo (2006-2008), 30 de julho de 2008.

Glauco Campello, presidente do Iphan (1994-1998), 11 de novembro de 2008.

Luís Eduardo Pinheiro, diretor do Inepac (1978-1986) e diretor do DGPC (1986-1991), 15 de setembro de 2003.

Nina Rabha, administradora municipal regional da área portuária (1993-2000), 21 de agosto de 2008.

OUTRAS FONTES

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Publicado

2016-04-28

Edição

Seção

Artigos