Modéstia à parte, meus senhores, eu sou da Vila!: a cidade fragmentada de Noel Rosa.

Autores

  • Santuza Cambraia Naves

Resumo

No contexto do modernismo brasileiro, a música "clássica" - particularmente representada pelo trabalho de Villa-Lobos e posições defendidas por Mário de Andrade - tendem a valorizar elementos regionais. A música popular, no entanto, como no caso de Noel Rosa, segue um caminho diferente: incorpora o novo imaginário urbano à base da experiência modernista. A música modernista responde à demanda construtivista do período - o chamado a se construir uma nação brasileira - com uma tendência totalizante, buscando unificação e completude. O resultado é uma estética monumental que expressa a noção de um país com grande potencial, do qual as raízes regionais da cultura popular são uma expressão. Em contraste, alguns músicos populares, como os poetas modernistas, encontraram sua inspiração na vida urbana em todas suas novas configurações. Enquanto os poetas engajados no movimento modernista fizeram essa opção conscientemente, os músicos modernistas o fizeram intuitivamente. O resultado foi uma estética fundada na simplicidade, recusando soluções totalizantes e operando, ao contrário, na fragmentação.

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Publicado

1995-12-01