A questão do negro na autocracia burguesa brasileira: as contribuições sociopolíticas de Florestan Fernandes e Clóvis Moura

Autores

  • Leonardo Sartoretto Faculdade de Filosofia e Ciências - UNESP, Campus de Marília.

DOI:

https://doi.org/10.12660/rm.v12n19.2020.82355

Palavras-chave:

Luta de classes, Florestan Fernandes, Clóvis Moura, Democracia racial, Consciência de classe

Resumo

O presente artigo debate a inserção histórica do negro na dominação de classe brasileira. Evocando o conceito de autocracia em Florestan Fernandes, por ser quem mais o atrela à questão do negro como categoria social sob viés marxista, busca-se também em Clóvis Moura contribuições que demonstram como o negro representa estruturalmente o grupo mais explorado pelo capitalismo brasileiro. Contudo, a discussão indica que o negro deve, por isso mesmo, trazer a radicalidade de suas demandas para o âmbito classista da luta, pois é nesse sentido - da criação de uma frente articulada de grupos subalternos para formar uma objetiva e necessária consciência de classe - que apontam os esforços de vida dos dois sociólogos que mais combateram a chamada democracia racial, legitimadora desse passado.

Biografia do Autor

Leonardo Sartoretto, Faculdade de Filosofia e Ciências - UNESP, Campus de Marília.

Leonardo Sartoretto é Cientista Político e doutorando em Ciências Sociais, pela UNESP - Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília pela Linha 3 - "Determinações do mundo do trabalho". Possui graduação também em Ciências Sociais nas modalidades licenciatura (2014) e bacharelado (2015), este com ênfase na ciência política. cursou seu mestrado (2017) pela mesma instituição.

Atualmente é também professor de Sociologia da Fundação Educacional de Toledo - FUNET (PR).

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Publicado

19.01.2021