Você tem fome de quê? Uma reflexão sobre patrimônio, legitimidade e novas perspectivas analíticas
DOI:
https://doi.org/10.12660/rm.v8n12.2017.65490Palavras-chave:
patrimônio, preservação, colonialidadeResumo
Partindo de uma provocação sore o universo simbólico e a necessidade de considerá-lo como elemento primordial à vida humana, o presente artigo trata sobre o patrimônio e as escolhas, os juízos, que envolvem a seleção e a preservação de bens culturais. Recorre, portanto, à importância atribuída à figura do técnico-especialista no trato com o patrimônio, seja na esfera do Estado ou no museu, enquanto agente que parece reunir a capacidade/legitimidade de nomear e tratar o patrimônio. Partindo do pressuposto que há uma concentração de agentes provenientes de específicas disciplinas que se revelam responsáveis, ou se consideram exclusivamente aptos, à condução da seleção de bens culturais e das práticas de preservação desses bens, o artigo, em formato de ensaio de natureza teórica, reflete sobre as relações de colonialidade que parecem atravessar as dinâmicas do campo do patrimônio a partir da figura dos técnicos-especialistas.
Palavras-chave: Patrimônio, Preservação, Colonialidade.
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