v. 1 (2014)

Ei! Vol.1

Editorial

Inovação em ensino e aprendizagem

Em minha adolescência, no escritório do meu pai, as máquinas de calcular eram eletromecânicas: somavam, subtraíam e multiplicavam, mas não dividiam. Para fazer esta operação, era necessário pesquisar o correspondente inverso num catálogo. As calculadoras eletrônicas apareceram durante meus primeiros tempos de faculdade, aposentando a régua de cálculo, mas não, ainda, os catálogos de Matemática Financeira, em que procurávamos os fatores de acumulação de capital. Executar programas, nas aulas de TI, e ajustar modelos, nas aulas de estatística, envolvia perfurar cartões e esperar pelo processamento no computador mainframe, o que era feito durante a noite e devolvido no dia seguinte. Usei um microcomputador, pela primeira vez, no meu estágio profissional para fazer o orçamento da empresa numa planilha SuperCalc. A dissertação de mestrado foi pesquisada manualmente em fichas de cartão, no serviço de referência. Artigos internacionais eram encomendados por pedidos entre bibliotecas e demoravam meses para chegar pelo correio. A dissertação foi transcrita por uma datilógrafa utilizando uma máquina elétrica de esfera. Depois, claro, veio a internet. E, bom, o restante da história é bem conhecido.

Mas uma coisa continua igual: a aula expositiva nos cursos universitários. É estranho. Os alunos mudaram. A sociedade mudou. As profissões mudaram. As competências necessárias para o mundo do trabalho mudaram. O papel da universidade mudou. Mas a aula expositiva tradicional e o modelo de educação que ela representa permanecem iconicamente iguais.

Ao longo dessas décadas, a atividade docente aumentou de escopo e passou a exigir muito mais do que conhecer um assunto e fazer preleções a respeito. Hoje, o ensino exige habilidade e competência na condução de sofisticados processos psicológicos, técnicos, organizacionais, pedagógicos e grupais, que não necessariamente se relacionam ao campo de especialidade do professor, mas dizem respeito à sua capacidade de desenho e entrega instrucional.

Hoje, a inovação nos processos de ensino e aprendizagem é necessária e urgente. Não por uma crença ingênua de que o novo é automaticamente melhor, uma preferência do novo pelo novo, mas porque, em circunstâncias cada vez mais comuns, as práticas tradicionais tornaram-se disfuncionais. Na busca de novos caminhos, haverá erros e acertos. Não experimentá-los, no entanto, nos condenaria à irrelevância.

Nesta primeira edição da revista Ensino Inovativo, apresentamos oito experiências pedagógicas conduzidas por professores e estudantes da FGV-EAESP, premiadas no programa Boas Práticas de Ensino e Aprendizagem, criado pelo Centro de Desenvolvimento do Ensino e da Aprendizagem (CEDEA). A inquietude com o estado corrente dos processos didáticos, a energia para a experimentação e a capacidade de assumir riscos e trabalhar em conjunto caracterizam o ambiente acadêmico docente e discente da Escola ao longo dos últimos 60 anos, o que nos faz uma instituição sempre renovada. Temos muito do que nos orgulhar.

Boa leitura!

Francisco Aranha, diretor de conteúdo e coordenador do CEDEA.

cedea@fgv.br

 

 

 

Publicado: 2014-10-15

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Prêmio Boas Práticas de Ensino e Aprendizagem