Descoordenação e desigualdades federativas no Brasil com a Covid-19: Análise da situação fiscal dos estados em 2020

Conteúdo do artigo principal

Ursula Dias Peres
https://orcid.org/0000-0002-7853-0576
Fábio Pereira dos Santos
https://orcid.org/0000-0003-3302-0019

Resumo

O Brasil é um país federativo marcado por desigualdades econômicas e sociais históricas, mesmo com os esforços institucionais e políticos do governo central, notadamente após a redemocratização e a Constituição de 1988. Essas desigualdades estruturais têm momentos de maior acirramento, em função de conjunturas críticas econômicas e fiscais. A pandemia da Covid-19 trouxe, desde o início de 2020, enormes desafios sanitários, sociais, econômicos e políticos para os governos estaduais, debilitados economicamente pela recessão iniciada em 2014 e pela política federal de austeridade fiscal permanente constitucionalizada por meio do teto de gastos aprovado em 2016. Este artigo busca mostrar que o enfrentamento da Covid-19 durante o exercício de 2020 foi marcado pela descoordenação federativa vertical e horizontal, levando a resultados desiguais, insuficientes e ineficientes nas políticas de socorro fiscal federal aos governos estaduais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
PERES, U. D.; PEREIRA DOS SANTOS, F. . Descoordenação e desigualdades federativas no Brasil com a Covid-19: Análise da situação fiscal dos estados em 2020. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 26, n. 85, 2021. DOI: 10.12660/cgpc.v26n85.83742. Disponível em: https://periodicos.fgv.br/cgpc/article/view/83742. Acesso em: 20 maio. 2024.
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Ursula Dias Peres, Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil

Áreas de atuação: Planejamento Governamental e Orçamento Público; Políticas Públicas e Participação; Financiamento de Políticas Públicas, em especial Saúde, Educação, Assistência Social e Cultura; Controladoria do Setor Público e Controle Social; Endividamento Público e Responsabilidade Fiscal.

Fábio Pereira dos Santos, Câmara Municipal de São Paulo, Equipe de Assessoria e Consultoria das Comissões da Área Social. São Paulo, SP, Brasil

     

Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Goiás (1991), mestre em Administração Pública e Governo (área de concentração Planejamento e Finanças Públicas) pela EAESP/Fundação Getúlio Vargas - SP e doutor em Administração Pública e Governo pela EAESP/Fundação Getúlio Vargas - SP (2011). Atualmente é servidor da Câmara Municipal de São Paulo. Foi Assessor Geral do Orçamento e Secretário Adjunto de Planejamento, Orçamento e Gestão da Prefeitura de São Paulo, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração e Assessor Especial do Ministério do Desenvolvimento Agrário, onde foi também Secretário Executivo Substituto e Assessor da Secretaria de Agricultura Familiar. Tem experiência nas áreas de orçamento e finanças públicas, gestão pública e ciência política, com ênfase em Políticas Públicas

Referências

Afonso, J R R. (2009). FPE: Rateio sem custeio. Observatório da Jurisdição Constitucional, 1(3). http://bit.ly/9Kks5k

Afonso, J.R. R. (2016). Federalismo Fiscal Brasileiro: Uma visão atualizada. Caderno Virtual, 1(34), 2016. Recuperado de https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/cadernovirtual/article/view/2727

Afonso, J. R. R., Lukic, M. R., & De Castro, K. P. (2018). ICMS: Crise federativa e obsolescência. Revista Direito GV, 14(3), 986-1018. doi: 10.1590/2317-6172201837

Almeida, M. H. T. (2005). Recentralizando a federação?. Revista de Sociologia e Política, 24, 29-40. doi: 10.1590/S0104-44782005000100004

Arretche, M. (2005). Quem taxa e quem gasta: A barganha federativa na federação brasileira. Rev. Sociologia Política, 24, 69-85. doi: 10.1590/S0104-44782005000100006

Arretche, M. (2012) Democracia, federalismo e centralização no Brasil. FGV/Editora Fiocruz. Recuperado de https://portal.fiocruz.br/livro/democracia-federalismo-e-centralizacao-no-brasil

Arretche, M. (2010) Federalismo e igualdade territorial: Uma contradição em termos?. Dados – Revista de Ciências Sociais, 53(3),587-620. Doi: 10.1590/S0011-52582010000300003

Arretche, M.(2018). Democracia e redução da desigualdade econômica no Brasil: A inclusão dos outsiders. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 33(96), Doi: 10.17666/339613/2018

Buchanan, J. M. (1995). Federalism as an ideal political order and an objective for constitutional reform. Publius: The Journal of Federalism, 25(2), 19-28. doi: 10.2307/3330825

Franzese, C. (2010). Federalismo cooperativo no Brasil: da Constituição de 1988 aos sistemas de políticas públicas (Tese de doutorado).

Recuperado de https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/8219

Fundo Monetário Internacional (2020). Fiscal Monitor (april, 2020). Recuperado de https://www.imf.org/en/Publications/FM/Issues/2020/04/06/fiscal-monitor-april-2020

Gadelha, S. R. de B. (2018) Introdução ao federalismo e ao federalismo fiscal no Brasil. Recuperado de https://repositorio.enap.gov.br/handle/1/3186

Gomes, S. (2009). Políticas Nacionais e Implementação Subnacional: Uma Revisão da Descentralização Pós-Fundef. DADOS - Revista de Ciências Sociais, 52(3), 659-690. doi: 10.1590/S0011-52582009000300004

Lopreato, F.L.C. (2018) Governos estaduais: O retorno à debilidade financeira. IE.Unicamp, maio de 2018. (Texto para Discussão,n.338)

Lopreato, F. L. C. (2020). Federalismo brasileiro: origem, evolução e desafios. Instituto de Economia, Unicamp. Recuperado de https://www.eco.unicamp.br/images/arquivos/artigos/TD/TD388.pdf

Machado, J. A., Palotti, & P. L. de M. (2015) Entre cooperação e centralização: Federalismo e políticas sociais no Brasil Pós-1988. Revista Brasileira de Ciências Sociais30(88),61-82. doi: 10.17666/308861-82/2015

Monteiro Neto, A. (2014) Federalismo sem pactuação: Governos estaduais na antessala da federação. Texto para discussão. Ipea. Recuperado de http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3108/1/TD_1961.pdf

Peres, U.D. & Santos, F.P. (2020). Gasto público e desigualdade social: O orçamento do governo federal brasileiro entre 1995 e 2016. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 35(103), e3510307. doi: 10.1590/3510307/2020

Peres, U.D. & Capuchinho, C. (2020) Fundeb: A importância da complementação da União para redução das desigualdades educacionais. Nexo Políticas Públicas. Recuperado de https://pp.nexojornal.com.br/perguntas-que-a-ciencia-ja-respondeu/2020/Fundeb-a-import%C3%A2ncia-da-complementa%C3%A7%C3%A3o-da-Uni%C3%A3o-para-redu%C3%A7%C3%A3o-das-desigualdades-educacionais

Rezende, F. (2010) Federalismo fiscal: em busca de um novo modelo. In: Oliveira, R. P.; Santana, W. (Orgs.). Educação e federalismo no Brasil: Combater as desigualdades, garantir a diversidade (pp. 71-88). Unesco. Recuperado de https://crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/unesco/educacao_federalismo.pdf

Rodden, J. (2005) Federalismo e descentralização em perspectiva comparada: Sobre significados e medidas. Revista de Sociologia e Política, 24, 9-27. Recuperado de https://www.scielo.br/pdf/rsocp/n24/a03n24.pdf

Sanches, M., Cardomingo, M., & Carvalho, L. (2021). Quão mais fundo poderia ter sido esse poço? Analisando o efeito estabilizador do Auxílio Emergencial em 2020 (Nota de Política Econômica nº 007). MADE/USP. Recuperado de https://madeusp.com.br/publicacoes/artigos/quao-mais-fundo-poderia-ter-sido-esse-poco-analisando-o-efeito-estabilizador-do-auxilio-emergencial-em-2020/

Segatto, C. I. & Abrucio, F. L. (2018). Os múltiplos papéis dos governos estaduais na política educacional brasileira: Os casos do Ceará, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Pará. Revista de Administração Pública, 52(6), 1179-1193. doi: 10.1590/0034-761220170047

Souza, C. (2005). Federalismo, desenho constitucional e instituições federativas no Brasil pós-1988. Revista de Sociologia e Política, (24), 105-121. doi: 10.1590/S0104-44782005000100008

Stepan, A. (1999). Para uma nova análise comparativa do federalismo e da democracia: federações que restringem ou ampliam o poder do Demos. DADOS – Revista de Ciências Sociais, 42(2),pp. 197-251. doi: 10.1590/S0011-52581999000200001

Dye, T. R. (1990). Dye, American Federalism: Competition among Governments. Massachusetts and Toronto: Lexington Books, 21, 12.

Tiebout, C. M. (1956) A pure theory of local expenditures. Journal of political economy, 64(5), 416-424. Recupeado de https://www.jstor.org/stable/1826343

Weingast, B. R. (1995). The economic role of political institutions: Market-preserving federalism and economic development. The Journal of Law, Economics, & Organization 11, 1. Recuperado de https://web.stanford.edu/~jrodden/oslo/weingast_mpf.pdf

Wildavsky, A. (1984). Federalism means inequality: political geometry, politcal sociology and political culture. In Golembiewski, R. T., & Wildavsky, A. B. (Eds.). (1984). The costs of federalism: In honor of James W. Fesler. Transaction Books.